sábado, 20 de fevereiro de 2016

Pavimentando mentiras e requentando promessas

Recentemente a Prefeitura Municipal de Salgueiro publicou na sua página virtual do seu perfil institucional de uma rede social, certa imagem que retratava a Comunidade de Conceição das Crioulas vista do alto e uns dizeres relacionados a uma possível conquista da pavimentação da estrada (rodovia PE-470) que dá acesso a inúmeras comunidades da zona rural, entre elas duas comunidades de povos tradicionais que ajudaram a dar origem ao nosso município. A já citada comunidade quilombola de Conceição das Crioulas e a aldeia do povo indígena Atikum Umã, na comunidade de Poço da Pedra.


Foto publicada no perfil institucional da Prefeitura de Salgueiro
em uma rede social, que de modo eleitoreiro alega que a solicitação
para pavimentação da PE-470 foi atendida por Paulo Câmara,
a pedido do prefeito e da ex-prefeita. Esquecem de dizer que há anos
esta mesma promessa é repetida antes das eleições.


O grande "feito" é atribuído ao grupo instalado há aproximadamente 16 anos (isso mesmo, mais de uma década e meia) no Poder Executivo Municipal, mas a menção não se trata de algo institucional, público ou governamental, pelo contrário, é bem clara quanto ao personalismo característico da “política” nas cidades sertanejas e interioranas do nosso estado. A publicação com tamanho teor de personificação só não é mais extrema porque não apresenta as imagens das pessoas nominadas.

O prefeito Marcones Sá e a ex-prefeita Creuza Pereira, ambos sendo as duas pessoas citadas com responsáveis pelo “feito” da pavimentação da estrada que liga Conceição das Crioulas a BR-116, também colocavam o nome de um terceiro gestor que talvez nem conheça a realidade secular de luta, bravura e resistência das mulheres negras que chegaram ao antigo quilombo e fundaram a Comunidade de Conceição das Crioulas. Como que uma espécie de triunvirato, as três pessoas salvadoras do acesso ao povoado eram apresentadas como as responsáveis por algo que não existe. Apenas existe na esperança daquele povo através das reiteradas promessas. Creuza, Marcones e Paulo Câmara não sabem, ou esqueceram, ou fingem não saber, que em 2013 algumas outras lideranças e correligionárias da sua própria sigla estiveram andando por Salgueiro para realizar mais promessas e pavimentar não a PE-470, mas a ainda “esboçável”, mas irreversível, pré-candidatura do ex-governador Eduardo Campos ao Palácio do Planalto.

Agora vamos aos acontecimentos para comprovar que o PSB em quase 16 anos não conseguiu cumprir a promessa antiga e ainda hoje, por mais uma vez em período pré-eleitoral, explora o assunto e se disfarça de grande feitor do que ainda sequer existe, com o único propósito de novamente ludibriar a população daquele território rural e angariar talvez alguns votos para a próxima eleição no segundo semestre. Só para não cair no esquecimento, reforço aqui os nomes que já pisaram em Conceição das Crioulas prometendo mundos e fundos, em especial, a tão sonhada pavimentação. São estes, todos do PSB: Ranilson Ramos, Aldo Guedes, Eduardo Campos, Isaltino Nascimento, Marcones Sá, Creuza Pereira. Gostaria de lembrar ainda que em julho de 2013 o então govenador do Estado apareceu pelas bandas de cá para cumprir agenda, acompanhado do seu secretariado, entre eles o secretário de Transportes, Isaltino Nascimento. Na mesma manhã que em que Eduardo Campos e Isaltino Nascimento assinavam a ordem de serviço para de restauração da PE-507, em Serrita, a população rural e quilombola, além das pessoas que residiam no entorno de Conceição das Crioulas, interditavam o trecho da BR-116, próximo a Serra do Boi Morto, para cobrar das autoridades presentes no Sertão Central, que a PE-470 fosse finalmente entendida como importante e estratégica para elevar a qualidade de vida daquele povo inteiro. Interpelado ao vivo durante um programa de rádio, Eduardo Campos e Isaltino Nascimento prontamente deram retorno positivo e garantiram que a pavimentação da rodovia em questão sairia do papel.

Estamos em 2016, mais um ano eleitoral. A pré-candidatura do PSB par ao pleito de 2014 até saiu do lugar, mas não houve muito êxito e faço questão de não delongar sobre esses detalhes funestos, mas o interessante é que justamente em 2016, novamente, o PSB através da sua gestão na Prefeitura Municipal de Salgueiro e das figuras já personificadas (Marcones, Paulo Câmara e Creuza Pereira) prometem mais uma vez e, pior, publicizaram a promessa em meio institucional por meio de uma publicação em página virtual, constando inclusive o nome da ex-prefeita Creuza Pereira.

Gostaria de tecer algumas perguntas, não serão mais que três. Mas, não se preocupem, não perguntarei de quem é o jatinho e nem se o ri Capibaribe mudou de curso, já que os dois personagens das factícias artimanhas não tiveram e ainda não têm mais nada a contribuir neste caso.

1.    A população que sofre naquela estrada todos os dias ainda vai dar créditos a estas falácias eleitoreiras do PSB mais uma vez?
2.    O PSB e a gestão municipal precisam mesmo alardear falsamente como se fosse alguma novidade a falta de capacidade de não tratar de maneira requentada, assim como tantas outras, uma causa popular tão nobre?
3.    Essa tentativa de tirar o peso dessa reivindicação das costas do povo da zona rural daquele distrito, custará mais quantos anos de promessas vazias e enrolação?

Vamos conferir abaixo as imagens, os links dos blogs regionais e constatar a repetitiva falácia do PSB em relação a pavimentação da PE-470.



- Salgueiro firma convênios com o Governo do Estado para a zona rural (este convênio não foi cumprido, quem quiser comprovar pode ir até Conceição das Crioulas e verá mais uma promessa não cumprida)





Ranilson Ramos e Aldo Santos, em 2013, assinando convênio que
até hoje não passou de mais do mesmo: promessas para tentar garantir
aqueles votos ao presidenciável do PSB nas eleições de 2014.

- A Comunidade de Conceição das Crioulas entrega documento com reivindicações a representante do Governo do Estado (esta promessa também se revelou mentirosa rapidinho, pois dos oito pontos reivindicados, nem metade foi cumprida)

Na foto, Andrelino Mendes, representando a comunidade no momento
da entrega 
da pauta de reivindicações a Ranilson Ramos e Aldo Santos, 
secretários do governo Eduardo Campos em 2013.

Liderança feminina na Comunidade de Conceição das Crioulas,
a artesã Lurdinha expôs os problemas e também cobrou soluções para
as reivindicações apresentadas pela população que reside naquele distrito. 



- PROTESTO: Moradores interditam BR-116 e fazem cobranças a Eduardo Campos. (essa promessa feita pelo próprio ex-governador, regente maior naquela época)


http://faroldenoticias.com.br/protesto-moradores-interditam-br-116-e-fazem-cobrancas-a-eduardo-campos/

Moradores da zona rural durante o protesto que interditou um trecho
da BR-116 para cobrar a pavimentação da rodovia estadual PE-470.

- Moradores de Conceição das Crioulas bloqueiam BR-116. (o pedido da pavimentação não é de hoje, mas a promessa voltou à tona quando a eleição se aproximava)





Trecho da BR-116 interditada em julho de 2013 para cobrar ao então
governador Eduardo Campos e Secretário Estadual de Transportes da época,
Isaltino Nascimento, a pavimentação da rodovia estadual PE-470.


- Eduardo Campos se depara com manifestações em Salgueiro e Serrita (naquele momento em que o presidenciável não pode se expor negativamente aos desgastes de manifestações populares por melhorias, nada poderia sair errado, exceto a nova promessa para o mesmo reclame da população)






"Quem não te conhece, que tem compre", já dizia minha vó.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Marilena Chauí errou em atacar a classe média

(Elenco original de A Grande Família, um símbolo da classe média brasileira. Foto: divulgação)

Aquele vídeo em que a Marilena Chaui, intelectual que respeito, ataca a classe média, sempre me deixou incomodada. Poxa, eu sou de classe média! Compreendo, claro, que ela se referia, mais que à classe média, ao pensamento médio, tacanho, mesquinho, egoísta. Ainda assim, foi como se ela estivesse me atacando pessoalmente. Sinto de forma parecida quando criticam o Lula e percebo que, por trás dos ataques, se esconde um enorme preconceito de classe e de origem, por Lula ser nordestino e de família humilde. Isso me atinge, porque, além de tudo, eu também tenho origem simples e sou nordestina.

É duro, para uma pessoa de classe média, ouvir uma intelectual de esquerda dizer que a odeia, que a acha “uma abominação política porque fascista, uma abominação ética porque violenta, e uma abominação cognitiva porque ignorante” —sobretudo quando não se é nada disso. Soa pior ainda quando vemos que tem a seu lado, no palco da palestra em questão, um ex-presidente que se gaba (e é verdade) de ter possibilitado a ascensão dos pobres à… classe média!

Essa crítica tão feroz à classe média, que me perdoe a Marilena Chaui, me parece elitista, uma velha contradição da esquerda intelectual no Brasil. Um certo esnobismo, complexo de superioridade. Me lembra aquele personagem de Terra em Transe, de Glauber Rocha, gritando a todos pulmões que o povo é débil mental. Não acredito que faça bem nenhum à imagem da esquerda este tipo de postura, pelo contrário. O vídeo de Marilena Chaui virou um clássico da direita contra a esquerda na internet, popularizado em memes e edições grotescas.

Do ponto de vista estratégico, o ataque da filósofa petista é um desastre. Atiçou a turba sem necessidade, ajudou a desatar a ira da classe média sobre a esquerda (como se não bastasse a mídia…). Principalmente porque sabemos que na hora agá, em ano eleitoral, o PT gasta milhões com marqueteiros para atrair justamente a classe média —com doações dos banqueiros que, aliás, ele NÃO critica. Taí, eu simplesmente não consigo entender uma esquerda que poupa os banqueiros e detona a classe média. E sejamos francos: se quem vai às ruas atacar a esquerda é de classe média, também o é boa parte de quem se manifesta para defendê-la.

Auto-denominado “socialista democrático” e com sérias chances de vencer a disputa na pátria do capitalismo, os EUA, o pré-candidato à presidência Bernie Sanders tem tentado uma estratégia oposta, a de seduzir a classe média para o que pretende. Porque lá o sonho americano está se desfazendo e a principal vítima é a classe média. É a classe média norte-americana quem está sedenta por mudança e que é capaz de enxergar que o “outro mundo é possível” pode ser experimentado na terra de Ronald Reagan. Bernie faz promessas diretas para a classe média, de que o modelo que propõe vai ajudá-la a recuperar seu poder aquisitivo.

“A grande classe média norte-americana está desaparecendo”, Sanders costuma lembrar nos comícios, apontando para o tão acalentado “american dream”, que se esfuma diante dos olhos da nação. O sonho americano acabou?, perguntam-se articulistas atônitos em publicações liberais e conservadoras, confrontados com indicadores que mostram o empobrecimento da população e a desigualdade crescente. Que dor maior seria possível, para o americano médio, do que admitir que o sonho acabou?

Em seu discurso vitorioso na convenção em New Hampshire, Bernie novamente acenou à falida classe média do país. “A ganância, a imprudência e o comportamento ilegal de Wall Street levaram a nossa economia a ficar de joelhos. O povo americano socorreu Wall Street, agora é a hora de Wall Street ajudar a classe média”. A promessa de que haverá saúde gratuita universal (além de universidade gratuita) ajuda a conquistar a classe média também pelo bolso, porque significará uma economia no orçamento apertado de gente que precisa ter até três empregos para ganhar a vida.

O discurso de Bernie Sanders mostra que a classe média pode ser despertada para uma visão progressista do mundo, em lugar de desprezada. Mas é preciso detectar o que ela deseja. Melhor: é preciso convencê-la de que o que ela deseja de verdade em sua vida é algo muito mais profundo do que um novo smartphone ou televisão de plasma. Nos EUA, a classe média está decaindo, e por isso este interesse pelo socialismo de Sanders, pela outra via. No Brasil, a classe média subiu pelo consumo, mas este apoio ao PT pelo consumo se mostrou volátil, superficial, não duradouro além da eleição. Estamos vendo isto com toda clareza neste momento.

Em vez de pensar em um discurso mais abrangente e sedutor, no sentido de mostrar ser possível um lugar melhor para viver para a maioria das pessoas, a esquerda brasileira repete o mesmo comportamento de Hugo Chávez na Venezuela, espantando a classe média como um todo ao invés de tentar ganhar pelo discurso ao menos parte significativa dela —uma pena, este foi o grande equívoco do comandante. Desculpa, mas para mim o real inimigo nunca foi a classe média e sim a burguesia; as classes altas; os especuladores; as “elites” de que falava Lula; o 1%. É exatamente quem Bernie Sanders tem atacado, com sucesso.

Se um partido fracassou em conscientizar politicamente a classe média, não me parece justo culpá-la por sua falta de politização.


Fonte: Blog Socialista Morena


sábado, 24 de outubro de 2015

E agora Salgueiro? Chama o SAMU também

Primeiro uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) localizada no Pronto Socorro São Francisco, instituição privada que possui convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade de Salgueiro, ameaçou durante os últimos dias parar seu funcionamento por falta de repasses da Secretaria de Saúde de Pernambuco. Depois o serviço móvel que teve a sua demanda intensificada e deveria ser realizado pelas ambulâncias nesta mesma cidade se tornaram cobranças constantes da população que necessita do deslocamento rápido a tempo de evitar que problemas de saúde sejam agravados e vidas sejam interrompidas a caminho dos grandes centros médicos.


Por fim, após dias de reclames na região inteira, inclusive com recados contundentes de vereadores de cidades circunvizinhas, que avisaram ter disposição de mobilizar a sociedade para interditar a BR-232 no trecho entre Mirandiba e Salgueiro, a Secretaria de Saúde de Pernambuco emite resposta formal e resolve atender ao apelo da população que conta apenas com esta UTI no raio de aproximadamente 90km.


Contudo, no caso da Prefeitura Municipal de Salgueiro, gerida pelo PSB - mesmo partido que governa o Estado de Pernambuco e que, por incrível que pareça, neste caso devido aos apelos do Pronto Socorro e da população, não seguiu com a navalhada da contenção de gastos para prejudicar a permanência da UTI -, a letargia local para ao menos reconhecer que a Secretaria Municipal de Saúde não possui sequer uma ambulância é no mínimo um causador de impasse, para não dizer descalabro administrativo, para se chegar a solução deste problema.


Há de se reconhecer que o município de Salgueiro não possui ambulâncias. E é preciso falar (novamente) isso para o prefeito Marcones Libório de Sá, que teima em desvirtuar para outros serviços e entes federativos, a parcela de culpa por não haver na cidade uma ambulância para auxiliar no atendimento a pacientes que contam sim com outras ambulâncias, mas já em número insuficiente para a relação demanda-oferta e que são pertencentes a estruturas distintas ao município, a exemplo do Hospital Regional (eu falei Regional, isso implica dizer que uma região inteira, e não apenas Salgueiro, demanda o serviço) que dispõe de duas ambulâncias (repito, para uma região inteira) e do Corpo de Bombeiros Militar, que também é parte da estrutura do Governo do Estado. Salvo estas possibilidades, o que a Prefeitura de Salgueiro tem dito é que com a chegada da UPA24h mais uma ambulância atenderá pacientes no município.

Acontece que a UPA24h ainda está na fase de construção, o que inclusive deveria gerar nossa preocupação com a aplicação correta dos recursos provenientes de convênio com o Ministério da Saúde, pois esta parceria conta com o financiamento do Governo Federal e a manutenção e gestão por parte do Poder Executivo Municipal. Salientando ainda que a obra pode constar no Portal da Transparência de uma forma, mas na realidade pode se encontrar totalmente diferente do que se supõe quando se consulta apenas esses dados e não se constata “in loco” o andamento e devida aplicação dos recursos. Fiscalizar é sempre bom, fica a dica.

Voltando ao problema da falta de ambulâncias, verificamos que mesmo assim, o prefeito nunca afirmou publicamente que o município poderia cogitar a possibilidade de ter uma ambulância própria. E nunca afirmará, pois se permanecer assim, futuramente ele também não terá como dizer que se esforçou para adquirir uma ambulância para o município, pois a que será cedida para atender a UPA24h será fruto da parceria com o Ministério da Saúde e, portanto, com investimentos do Governo Federal.

Digo mais, se continuar nesta já citada e notória letargia, antes que o prefeito reconheça que o município não possui ambulância, seu mandato termina, ou quem sabem, ousará reclamar que a manutenção é cara e pode não “compensar” a aquisição de uma ambulância ou a manutenção de algum veículo, a exemplo do que deverá ser parte da estrutura e dos serviços da UPA24h.

Minha avó, também canhota e sertaneja, já dizia: "casa de ferreiro, espeto de pau". O prefeito é médico. O gestor é da área da saúde. O profissional que hoje é político sabe que há necessidade de ter ao menos uma ambulância no município. Falta assumir isso publicamente. Marcones Libório de Sá poderá ser lembrado como o prefeito (profissional médico) que não conseguiu adquirir uma ambulância, tendo durante seus oito anos de mandato o Governo do Estado e o Governo Federal como provedores desta tão necessária ferramenta de atenção básica e incremento indispensável para que políticas públicas de saúde sejam efetivas, principalmente nas cidades do interior do nordeste, como é o caso de Salgueiro. É preciso enxergar e sentir essa política chegando até a ponta, ou seja, ao usuário do serviço. Valorizem o SUS, uma conquista de toda da sociedade brasileira.


Canhota Sincera:
Agora vem cá, falando sério, vamos à realidade. Francamente, é mesmo sério que ainda estão fazendo as contas?

Hospital Regional e Corpo de Bombeiros não dão conta do atendimento a UPA24h não está funcionando ainda, portanto, a conta acima está mal feita ou a Prefeitura de Salgueiro dá mais uma desculpa para não responder a verdade: por que o município não possui uma ambulância para chamar de sua? (Imagem: página da PMS no Facebook)

Simples: ambulâncias do HR são da estrutura da Secretaria de Saúde de Pernambuco, ambulâncias do mandato do parlamentar são oriundas de recursos próprios, ambulância ou serviço similar do Corpo de Bombeiros é parte da estrutura do Governo do Estado de Pernambuco, ambulância vindoura da UPA24h será cedida junto a estrutura física, equipamentos e etc, pelo Ministério da Saúde. Talvez, a partir da entrega da ambulância da UPA24h para o município gerir e custear a manutenção (sem chororô, prefeito, cumpra o convênio), possa haver alguma ambulância em Salgueiro, parte da estrutura da Secretaria Municipal de Saúde.

Mas, até o presente momento, já fizemos as contas aqui e até o próprio material produzido pela equipe de comunicação da atual gestão atesta: Prefeitura de Salgueiro não possui ambulância.

FATO!

Está na hora de colocar a mão na consciência. Parem de deturpar, porque já está ficando feio. Contra fatos, não há pecinha publicitária e baner virtual que contra-argumentem.



terça-feira, 28 de julho de 2015

União dos Estudantes de Pernambuco faz nota criticando passe-livre do governo Paulo Câmara

Posicionamento sobre lançamento do passe-livre estudantil promovido pelo Governo de Pernambuco que ocorreu na segunda (27)


Nós que compomos a entidade representativa dos/as Estudantes universitários/as de Pernambuco viemos por meio dessa nota fazer uma reflexão à respeito do projeto do "Passe livre"  do governo do Estado.
O Passe livre, pauta que os movimentos sociais vem levantando a anos, é o programa que garantirá que os e as estudantes pernambucanos/as consigam  participar com plenitude da vida acadêmica, principalmente os de origem popular que não tem condições de pagar a passagem caríssima que tem no nosso Estado.
Infelizmente, os movimentos sociais que lutam em defesa do passe-livre irrestrito sempre foram tratados a bala de borracha pelo governo de Pernambuco.
A conferência de transporte, espaços onde a sociedade civil juntamente com o governo encaminham as políticas de transporte ainda não ocorreu impossibilitando assim um amplo debate sobre o sistema de transporte no nosso Estado.
O programa que visa distribuir passagens para os/as estudantes cadastrados da RMR na Rede Estadual de Ensino e os cotistas matriculados na Universidade de Pernambuco (UPE) é uma excelente iniciativa, no entanto, não reconhecemos esse programa enquanto passe livre estudantil por não contemplar todos/as  estudantes do estado e desconsidera o Plano Estadual de Assistência Estudantil (PEAES) , programa elaborado pelo movimento estudantil que garante o direito a transporte de qualidade para todos os as estudantes do Estado
A vida estudantil é composta por diversas dificuldades de acesso e permanência. A condição de se manter em uma universidade perpassa por fatores como alimentação, transporte, moradia, acesso à saúde, lazer, cultura, e tantos outros pontos, como debatido no PEAES, no ano passado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), que em seu projeto garante que os estudantes pernambucanos/as tenham o direito de permanência garantido na escola ou universidade.
Considerando ainda que esse projeto de "passe livre" oferecido com um sistema de transporte falho, de péssima qualidade e sem nenhuma segurança, colocando-nos, usuário e trabalhador/a em condições de risco, sendo eles por assaltos ou acidentes trágicos como de Camila Mirelle, estudante da UFPE, morta em maio deste ano, na BR-101, num ônibus Barro-Macaxeira, que estava completamente lotado, e que desde a tragédia não se teve posicionamento de solução proposto pelo Governo de Pernambuco.
Nós queremos imediatamente a aprovação do Plano de assistência estudantil que garante passe-livre pra todos/as estudantes pernambucanos/as, queremos a realização da conferência estadual de transporte, a meia passagem intermunicipal, a redução das tarifas e a auditoria nas contas das empresas de transporte.
Não iremos admitir que o governo do Estado, que sempre reprimiu o movimento passe livre, agora de forma eleitoreira iluda os estudantes dizendo que esse projeto é o tão sonhado passe livre.
Queremos que o Governo do Estado interiorize suas políticas, execute os mecanismos de diálogo com a população e aprove imediatamente o passe livre irrestrito pra todo estudante do litoral ao sertão.

sábado, 25 de julho de 2015

Ódio de quem? – Brasil, Capital Multinacional e as esquerdas.



Estamos cheios no presente, enfadados com as ebulições do agora; na verdade, estamos cheios do “hoje” e de suas realidades, no mundo e, principalmente, no Brasil. Entender o presente é preciso reconciliar-se com o passado. Entender o passado é preciso saber que estamos fincados no presente, com os nossos ritos, ritmos e percepções. No entanto, não nos desanimemos, pois existe uma técnica, um trampolim, que a princípio aparenta dificultar ou também diversificar o entendimento, mas na verdade, aclara e muito os elos do presente/passado (ou vice-versa) e, especialmente, ajuda o iniciar de uma explanação. Chamamos esse artifício, diga-se de passagem, com muito de entendimentos próprios, de “hermenêutica”. É quem puxa a interpretação, quem nos faz treinar proposições e chegar a explicações coerentes, através desse processo que inclui a comunicação. Pois bem, de forma coerente e séria, nos comuniquemos.



Dos muitos processos de integração capitalista no mundo, o Brasil, que tinha seu capitalismo tardio e dependente, chegou a se tornar tanto transnacional quanto a oligopolista e subordinado aos centros de expansão deste sistema, no final da primeira metade do século XX. Ocorreu de fato uma penetração na economia brasileira de multinacionais, sobretudo, de um bloco liderado por interesses americanos que deram lugar a novas relações econômicas e políticas. Apareceram daí grandes unidades industriais e financeiras integradas a partir de uma crescente concentração econômica e centralização de capital. E não para por aí, pois ainda havia um processo de controle oligopolista do mercado. Aquele capital “nacional”, o surgimento de empresas “nacionais”, que foram predominantes no governo de Getúlio Vargas, perdiam espaços e coexistiam fortemente já nos anos 50 com o capital “multinacional”. O capital “nacional” só conseguiria coexistir de modo significativo somente em sua forma ASSOCIADA ou em EMPRESAS pertencentes ao Estado. O clima era de demasiada inserção de grupos multinacionais multibilionários. E advinha; quem mantinha uma posição proeminente dentro destes grupos no Brasil? Os norte-americanos, claro. Não é de se estranhar que através desse controle oligopolista do mercado, as companhias multinacionais ditavam o ritmo e a orientação da economia brasileira, ou melhor, da capacidade técnica, militar, empresarial e política brasileira. Contudo, espera aí. Qual o motivo dessa volta ao passado, dessa desdobrada narrativa, ou melhor, desta hermenêutica?


A causa dessa volta – para se antecipar aos críticos e moralistas que possam enxergar como pretexto - é o hoje, mesmo sabendo que os ventos que batem atualmente tocam sob outras formas e realidades. O Brasil do presente está embebido em ódio, contra um governo, contra um partido, contra uma ala, contra um povo, contra escolhas, contra democracias, contra inclusão social, contra muitos outros aspectos. De onde vem esse ódio? O que se esconde atrás dele? É muito simples, embora, tenha sido preciso fatigadamente puxar hermenêuticas. Sabe o que se acaçapa atrás dele? Todo o passado e suas marcas não cicatrizadas, rememoradas nas linhas anteriores. O Brasil é controlado pelo capital “multinacional” e associado. É multinacional, é transnacional, é de grupos multibilionários que nos dificultam a contagem, é de berço, é de um processo duro de entendimento, quem dirá de aceitação. Esse capital associado é que prolonga as velhas elites, é o que controla e dificulta políticas sociais de inclusão e posturas governistas que primam pela dizimação do inferno da pobreza; esse capital transnacional é o que bloqueia, mesmo quando dando certo, os espaços conquistados e reservados aos que não têm selos familiares nobiliárquicos, onde os projetos político-sociais fizeram justiça, fizeram as classes atingidas pelos seus pontos baixos terem vez. Há um marketing nacional e transnacional produzido por mídias conservadoras e que não respeitam os ritos democráticos. Por isso fomenta um sentimento de ódio, diga-se de passagem, um ódio coletivo dos ricos, daqueles bem relacionados (e controlados) internacionalmente, pelas multinacionais, pelos dominantes também nacionais, que viram soar o “sinal de alarme” de suas classes dominantes, uma vez que há um sucesso contínuo e “inesperado” de forças minoritárias; ou melhor, do povo, das comunidades periféricas, etc. Mas, vejam bem. Por que o passado dos anos 50, dos anos 60? Qual o real elo?


Foram os anéis burocráticos do capital “multinacional” e associado que controlaram e, posteriormente, dominaram o poder populista e democrático daquele período. Impuseram suas doutrinações e disseminação ideológica goela abaixo, onde o regime populista nos anos 60 apenas sobrevivia conforme as “regras do jogo”. Quando o regime populista tentou programar um bolsão de reformas sociais, políticas, econômicas e culturais, o capital multinacional e associado, com o “dedão” avassalador norte-americano, percebeu que não era mais possível conviver com as “regras do jogo”. Partiram para um assalto do poder e, como sabemos, tivemos um golpe no ano de 1964. E para que melhoremos a nominação desse golpe, já que se tem intento sério de se comunicar com o leitor, fujamos de um “Golpe Militar”, pois, de forma mais precisa, foi um assalto, um Golpe técnico-empresarial-militar, do capital multinacional e seus associados, de grupos multibilionários, que tentavam esse assalto ao poder desde Vargas e conseguiram o desígnio no governo de João Goulart (1961-1964). As esquerdas ainda ampliavam sua organicidade, o Partidão (PCB), segundo cientistas políticos, sociais e historiadores, praticamente ficou imóvel diante daquele nível técnico-político-militar cruel de enfrentamento. Do resto, nós sabemos: rasgado durante 21 anos o véu da democracia.

Hoje, não é diferente, uma vez que o capital multinacional e associado ainda controla e desenvolve uma perícia organizacional e política própria para influenciar as diretrizes políticas no Brasil, sobretudo, dão suporte e criam situações para que associados e líderes locais “assaltem o poder” vigente. Como disse o conceituado cientista político uruguaio René Dreifuss, nos anos 80, há “uma intelligentsia política, militar, técnica e empresarial, isto é, nos intelectuais orgânicos dos interesses multinacionais e associados e nos organizadores do capitalismo brasileiro”. Ela tem suas agências e seus agentes, que de forma associada são capazes de exercer forte pressão sobre os governos dos países onde opera. São criados os climas favoráveis para investimentos usando sócios locais e para que seus papéis políticos sejam garantidos e estratégicos para as companhias. Por isso o sentimento de ódio no Brasil nutrido pelas elites econômicas, pelos filhos das mídias conservadoras e por vários parlamentares direitistas (adotados pelos holdings transnacionais) diante do governo atual, diante das classes que penosamente tiveram uma trajetória de muitas lutas para serem abraçadas pelo poder social, diante das esquerdas (estas metamorfoseadas, persistentes, entre outras, que já perderam o “S” de Socialista e o “C” de Comunista), etc.



O ódio não é contra o governo atual, contra o Partido dos Trabalhadores, contra os outros Partidos de esquerda, contra a corrupção, contra as roubalheiras na Petrobrás, contra os maus dirigentes, e sim, mais contra as extensões do governo do que o próprio governo. É contra o povo pobre que vem ascendendo socioeconomicamente; é contra as políticas de inclusão social; é contra a transparência pública; é contra o caminho das urnas, que rejeitou os projetos políticos neoliberais; é contra os NÃOS para com a redução da maioridade penal; é contra a DIVERSIDADE; ou seja, esse ódio é contra todas essas extensões dos últimos governos petistas e que ainda precisam ser continuadas. Como nos alerta o escritor Leonardo Boff a partir do clássico Conciliação e Reforma no Brasil (1965), de José Honório Rodrigues,  esse ódio é de uma “maioria que foi sempre alienada, antinacional e não contemporânea; nunca se reconciliou com o povo; negou seus direitos, arrasou suas vidas e logo que o viu crescer lhe negou, pouco a pouco, a aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence”. Corrobora também nesse sentido, o viés de um líder do MTST, em entrevista na Carta Capital em 15.11.2014: “Há um ranço de classe, de uma elite, de uma burguesia, que nunca aprendeu a conviver com o povo, uma elite que sequer admitiu a abolição da escravatura”. E contextualizando com a hermenêutica das épocas de Vargas e Jango, em um artigo do Diário do Centro do Mundo (DCM), postado em 01.03.2015, o jornalista Paulo Nogueira aponta também, que esse ódio vem de uma classe manipulada: a classe média. “A classe média é facilmente manipulada. Getúlio foi boicotado assim, e depois dele Jango também. O ódio de classes que marca o Brasil de hoje deriva daí. Os “corruptos”, no discurso calculado da imprensa, estão acabando com o Brasil e enriquecendo à custa de todo mundo”.

Percorridos e nominados os interesses de quem controla, de quem realmente está por trás do aparente, de quem tem o real domínio na política e economia brasileira (o capital multinacional e associado), por último, é de se mencionar mais uma vez as esquerdas no Brasil. Estas estão bastante segregadas e, algumas, cada vez mais sendo laranjas de partidos reacionários, quando não fundindo-as com estes últimos. Outras estão nos velhos projetos políticos, diga-se de passagem, enfadados de teorias e distantes das realidades consuetudinárias, sobretudo, de militâncias e das “ruas”. A contradição sempre foi presente nas esquerdas e nas várias tendências que elas discutem e seguem. No entanto, trotskistas, stalinistas, centro-esquerda, entre outras articulações de esquerdas, que compõem vários partidos no Brasil, têm de focar no inimigo comum: o capital multinacional associado; os parlamentares desses holdings transnacionais; nos Eduardo Cunhas; no ódio contra as conquistas sociais; nos privilegiados golpistas, e deles a imprensa que é o porta-voz e não querem abrir mão de suas mamatas; nos projetos e ações que almejam o “assalto ao poder” e criminalizam por criminalizar todos aqueles que lutam pelos ritos democráticos. Esse é o momento. Ele é emergencial. Não dá para ser adiado. As elites econômicas não cessarão de vencer e de bloquear o que não lhe convêm. Elas começam de si para o mundo e não do mundo para se chegar ao coletivo e, do coletivo, se chegar a si. Eles não têm “percepção”. Finalizando, um dos grandes intelectuais contemporâneos, Deleuze, respondeu uma vez, quando questionado “o que é ser de esquerda”, de uma forma que reforça essa sensibilidade ou acúmen, no bom sentido, que é estar nessa responsabilidade e nos alertarmos contra o ódio reacionário:

 “Ser de esquerda é o contrário. [...] Primeiro tem que perceber o contorno. Começar pelo mundo, depois o continente europeu, por exemplo, depois a França, até chegarmos à Rue de Bizerte e a mim. É um fenômeno de percepção. Primeiro, percebe-se o horizonte. [...] Ser de esquerda é começar pela ponta e considerar que os problemas devem ser resolvidos. [...] Ser de esquerda é saber que os problemas do 3º Mundo estão mais próximos de nós do que os de nosso bairro. [...] A esquerda é o conjunto de processos de devir (movimento) minoritário. Eu afirmo: a maioria é ninguém e a minoria é todo mundo. Ser de esquerda é isso: Saber que a minoria é todo mundo e que é aí que acontece o fenômeno do devir (movimento)”.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Hospital Miguel Arraes fecha leitos de UTI por falta de manutenção dos equipamentos

Com 5 ventiladores e 7 monitores parados e os demais sem manutenção preventiva, o hospital se viu obrigado a fechar os leitos de UTI




Por causa de atrasos na manutenção dos equipamentos de suporte à vida, o Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista, fechou três leitos de UTI, número que pode aumentar se a situação não for corrigida.

Desde sua inauguração, o HMA funciona com equipamentos, como respiradores e monitores, locados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) de uma empresa sediada em São Paulo e a cerca de seis meses, a empresa não faz a manutenção dos equipamentos. Com 5 ventiladores e 7 monitores parados e os demais sem manutenção preventiva, o hospital se viu obrigado a fechar os leitos de UTI.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) esclarece que já notificou a empresa que realiza a manutenção dos equipamentos da UTI do Miguel Arraes e está tomando todas as providências cabíveis, na esfera legal, para que não ocorra descontinuidade no serviço prestado.

A SES também informa que, de imediato, já está realizando o remanejamento de equipamentos da rede para manter os leitos de UTI do HMA abertos e servindo à população. O órgão promete regularizar a situação ainda nesta quinta-feira (4).

Segundo a secretaria, a assistência de terapia intensiva é uma prioridade da gestão. Nos últimos oito anos, a oferta de UTI foi ampliada em 400%, subindo de 228 leitos (2007) para mais de mil em 2015.



Fonte: RBC

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Abaixo a chibata, meu professor merece respeito





Ontem (02/06) teve Assembleia Geral do Sindicato dos Profissionais de Educação de Pernambuco (SINTEPE)  no Clube Internacional do Recife, ocasião em que os professores em greve da rede estadual de ensino decidiram manter a paralisação, e deliberaram ainda que vão se reunir em frente à Secretaria de Administração (SAD) na quarta (3), a partir das 8h. Uma nova assembleia ficou marcada para a próxima segunda-feira (8), às 15h.
Noticiários dão conta que embora o SINTEPE tenha diagnosticado, por mapeamento, que 50% dos professores e servidores administrativos aderiram à paralisação, iniciada em 29 de maio; a Secretaria de Educação afirma que apenas 13,7% das escolas estaduais aderiram à greve, sendo que 13% de forma parcial, o que corresponde a 136 instituições, dessas apenas 7 colégios estaduais estão completamente parados.

A máxima que já prevíamos em nossa matéria anterior (Sobre a dificuldade do Governo Paulo Câmara em pagar os salários dos servidores) de que estávamos prestes a ver o “trabalhador contra ele mesmo”, parece se cumprir de forma ainda mais perversa, quando em nota, o governo informou dados que diferem das do Sindicato da Categoria e ainda que os pais encaminhem seus filhos normalmente ao colégio, aqui além dos trabalhadores há uma tentativa oculta e implícita de colocar a sociedade (pais e alunos) contra a categoria.

Hoje pela manhã a situação foi exatamente concretizada, o vídeo abaixo mostra a atuação dos trabalhadores da segurança pública que, diga-se de passagem, estão sem aumento e trabalhando sob pressão para “bater metas” e fazer valer o “Pacto pela Vida” (embora não se saiba de que vida se fala), atuando com violência contra grupo de Professores que cumpriam a manifestação em frente a SAD, deliberada ontem durante a assembleia da categoria.



O governo de Pernambuco vai “empurrar goela abaixo” um “aumento salarial progressivo” divididos em “suaves” parcelas durante o ano. O primeiro, de pouco mais de 2%, será dado a partir do mês de junho. Os outros reajustes estão previstos para outubro e dezembro, totalizando 7,01% de aumento para docentes e 6,12% para analistas e o quadro administrativo. O SINTEPE reivindica um incremento de 13,01%, conforme estabeleceu a Lei do Piso Salarial do Magistério em 2015, nos salários de todos os quase 50 mil profissionais do estado.
A chibata vai “botar pra moer” ainda mais pois, em sua nota, o governo anunciou que os dias parados serão descontados do salário dos professores grevistas, que terão suas remunerações postergadas para o próximo dia 5, e não serão beneficiados com a progressão prevista para junho.  Enquanto que os lotados com contratos temporários ainda correm o risco de ter o contrato rescindido. Debaixo da batida da chibata quem é besta de ficar de greve nessas condições?

Entendamos um pouco:
No dia 27/02/2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Lei 11.738/2008, que regula o piso salarial nacional dos profissionais do magistério público da educação básica, passou a ter validade a partir de 27 de abril de 2011, quando o STF reconheceu sua constitucionalidade. A decisão tem efeito erga omnes, isto é, obriga a todos os entes federativos ao cumprimento da Lei. Se um determinado ente federativo, seja município, estado ou mesmo a União - que tem professores em determinadas escolas federais de nível médio, portanto da educação básica -, não paga o piso salarial, ele está devendo aos professores. Os professores têm o direito de recorrer à justiça ou a outros órgãos de controle e/ou de fiscalização, como, por exemplo, o Ministério Público. O curioso é que a Justiça de Pernambuco tem julgado sempre, e em tempo recorde, a favor do Estado e contra os professores, estranho não?

Principal fonte de financiamento da educação básica pública, o FUNDEB é formado por percentuais de diversos impostos e transferências constitucionais, a exemplo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Conforme a lei que instituiu o FUNDEB, pelo menos 60% dos recursos devem ser usados na remuneração de profissionais do magistério em efetivo exercício, como professores, diretores e orientadores educacionais. O restante serve para despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino, compreendendo, entre outras ações, o pagamento de outros profissionais ligados à educação, bem como a aquisição de equipamentos e a construção de escolas. Ainda conforme a Lei, a União transfere recursos aos estados e respectivos municípios que não alcançam com a própria arrecadação o valor mínimo nacional por aluno estabelecido a cada ano – em 2015 esse valor é de R$ 2.576,36. Entre eles, pasmem está Pernambuco, junto com Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte.

Portanto, a retórica insistente do Governo de Pernambuco em acusar a falta de repasses federais para cobrir o piso dos professores, negando o discurso utilizado em Campanha Eleitoral, parece afirmar cada vez mais o que há tempos Paulo Freire anunciou: “Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”.
Ou seja, ao investir numa educação pública de qualidade, corre-se sérios riscos de que os beneficiários dessa educação percebam as injustiças sociais não mais como vítimas ou coitados, mas que a percebam de forma crítica, como a incapacidade do Estado em cumprir com os preceitos constitucionais. É óbvio que o conhecimento é opressor, e que quem não possui conhecimentos acerca de seus direitos, inevitavelmente será oprimido.

O curioso é que aqui vizinho, no Ceará o governador Camilo Santana anunciou reajuste que igualará o salário dos professores do estado com o piso nacional do magistério; e anunciou mais três medidas de valorização profissional: a nomeação de 212 professores concursados, o pagamento de vale-alimentação para temporários e ampliação de carga horária definitiva. As medidas foram anunciadas no último dia 29 de abril em coletiva no Palácio da Abolição, e devem gerar impacto de pelo menos R$ 70,5 milhões por ano ao Estado. Com a adoção de tais medidas, a proposta do governador corrigirá o vencimento básico do magistério em 13,01%, beneficiará 48.842 professores, entre ativos, aposentados e temporários. Em janeiro, o governo havia concedido 6,45% de reajuste aos professores. “Agora, vamos reajustar toda a tabela para elevar o vencimento básico de modo a atingirmos o aumento total de 13,01%”, conforme determina o artigo 5º da lei federal nº 11.738, de 2008.

Em Minas Gerais os trabalhadores da Educação assinaram nesta sexta-feira (15), numa coletiva no Palácio da Liberdade, um acordo histórico com o Governador Fernando Pimentel que possibilitará o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para os professores, além da extinção do regime de subsídio e do descongelamento das carreiras, com isonomia de tratamento para todas as carreiras da Educação e entre servidores ativos e aposentados. O acordo será encaminhado sob a forma de projeto de lei à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em regime de urgência.

Ficou acordado que será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de Educação Básica, a ser pago até agosto de 2017. Além de ser assegurado também o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para uma carga horária de 24 horas semanais. "Vamos pagar o piso independente do déficit", garantiu o governador. "O déficit vamos equilibrar cortando custeio, eventuais discrepâncias e erros que existem na folha de pagamento", explicou.

           Enquanto a greve de Professores do Estado de São Paulo, governado Geraldo Alckmin (PSDB), cujo vice-governador é Márcio França (PSB), já é considerada a maior da história, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tomou duas decisões importantes no inicio de maio: aumentou o piso salarial dos professores, que era de R$ 2,6 mil, passa a ser R$ 3 mil; e anunciou a abertura de 3,5 mil novas vagas na capital paulista para professores da educação infantil e ensino fundamental I. O aumento atinge também outros níveis da carreira no magistério. No caso dos supervisores, o piso passa de R$ 4.460 para R$ 5.146, enquanto o dos diretores aumentam de R$ 4.188 para 4.832. Já para os coordenadores pedagógicos, o piso vai de R$ 3.692 para R$ 4.260. O investimento adicional na educação soma R$ 622 milhões.A carreira de São Paulo passa a ser uma das mais atraentes do Brasil”, disse ele.

            O que essas três histórias tem em comum? São três gestões ptistas, que reconhecem a importância dos profissionais de educação, e os investimentos advindos da União. Que procuram negociar com a categoria e buscar estratégias para atender as reinvindicações através do diálogo. Por que aqui estamos destacando as gestões do PT? Pois, embora tenha abandonado e errado feio em muitas das causas e lutas de ideais da esquerda, ainda são essas gestões que têm se debruçado pela equidade e pela valorização de classes historicamente excluídas e desvalorizadas.
              
                 Fica então a reflexão, se não pode pagar o Piso que é lei, como prometeu ("pode anotar") em campanha dobrar os salários? O que se pretende ao atribuir todas as falhas de suas “ingovernanças” à União? A resposta parece ser uma só: descer a chibata opressora, enganar e confundir a consciência do povo.


Fontes: FNDE, Governo do Ceará, de Minas Gerais, Prefeitura de São Paulo, G1 e Diário de Pernambuco