sexta-feira, 5 de junho de 2015

Hospital Miguel Arraes fecha leitos de UTI por falta de manutenção dos equipamentos

Com 5 ventiladores e 7 monitores parados e os demais sem manutenção preventiva, o hospital se viu obrigado a fechar os leitos de UTI




Por causa de atrasos na manutenção dos equipamentos de suporte à vida, o Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista, fechou três leitos de UTI, número que pode aumentar se a situação não for corrigida.

Desde sua inauguração, o HMA funciona com equipamentos, como respiradores e monitores, locados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) de uma empresa sediada em São Paulo e a cerca de seis meses, a empresa não faz a manutenção dos equipamentos. Com 5 ventiladores e 7 monitores parados e os demais sem manutenção preventiva, o hospital se viu obrigado a fechar os leitos de UTI.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) esclarece que já notificou a empresa que realiza a manutenção dos equipamentos da UTI do Miguel Arraes e está tomando todas as providências cabíveis, na esfera legal, para que não ocorra descontinuidade no serviço prestado.

A SES também informa que, de imediato, já está realizando o remanejamento de equipamentos da rede para manter os leitos de UTI do HMA abertos e servindo à população. O órgão promete regularizar a situação ainda nesta quinta-feira (4).

Segundo a secretaria, a assistência de terapia intensiva é uma prioridade da gestão. Nos últimos oito anos, a oferta de UTI foi ampliada em 400%, subindo de 228 leitos (2007) para mais de mil em 2015.



Fonte: RBC

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Abaixo a chibata, meu professor merece respeito





Ontem (02/06) teve Assembleia Geral do Sindicato dos Profissionais de Educação de Pernambuco (SINTEPE)  no Clube Internacional do Recife, ocasião em que os professores em greve da rede estadual de ensino decidiram manter a paralisação, e deliberaram ainda que vão se reunir em frente à Secretaria de Administração (SAD) na quarta (3), a partir das 8h. Uma nova assembleia ficou marcada para a próxima segunda-feira (8), às 15h.
Noticiários dão conta que embora o SINTEPE tenha diagnosticado, por mapeamento, que 50% dos professores e servidores administrativos aderiram à paralisação, iniciada em 29 de maio; a Secretaria de Educação afirma que apenas 13,7% das escolas estaduais aderiram à greve, sendo que 13% de forma parcial, o que corresponde a 136 instituições, dessas apenas 7 colégios estaduais estão completamente parados.

A máxima que já prevíamos em nossa matéria anterior (Sobre a dificuldade do Governo Paulo Câmara em pagar os salários dos servidores) de que estávamos prestes a ver o “trabalhador contra ele mesmo”, parece se cumprir de forma ainda mais perversa, quando em nota, o governo informou dados que diferem das do Sindicato da Categoria e ainda que os pais encaminhem seus filhos normalmente ao colégio, aqui além dos trabalhadores há uma tentativa oculta e implícita de colocar a sociedade (pais e alunos) contra a categoria.

Hoje pela manhã a situação foi exatamente concretizada, o vídeo abaixo mostra a atuação dos trabalhadores da segurança pública que, diga-se de passagem, estão sem aumento e trabalhando sob pressão para “bater metas” e fazer valer o “Pacto pela Vida” (embora não se saiba de que vida se fala), atuando com violência contra grupo de Professores que cumpriam a manifestação em frente a SAD, deliberada ontem durante a assembleia da categoria.



O governo de Pernambuco vai “empurrar goela abaixo” um “aumento salarial progressivo” divididos em “suaves” parcelas durante o ano. O primeiro, de pouco mais de 2%, será dado a partir do mês de junho. Os outros reajustes estão previstos para outubro e dezembro, totalizando 7,01% de aumento para docentes e 6,12% para analistas e o quadro administrativo. O SINTEPE reivindica um incremento de 13,01%, conforme estabeleceu a Lei do Piso Salarial do Magistério em 2015, nos salários de todos os quase 50 mil profissionais do estado.
A chibata vai “botar pra moer” ainda mais pois, em sua nota, o governo anunciou que os dias parados serão descontados do salário dos professores grevistas, que terão suas remunerações postergadas para o próximo dia 5, e não serão beneficiados com a progressão prevista para junho.  Enquanto que os lotados com contratos temporários ainda correm o risco de ter o contrato rescindido. Debaixo da batida da chibata quem é besta de ficar de greve nessas condições?

Entendamos um pouco:
No dia 27/02/2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Lei 11.738/2008, que regula o piso salarial nacional dos profissionais do magistério público da educação básica, passou a ter validade a partir de 27 de abril de 2011, quando o STF reconheceu sua constitucionalidade. A decisão tem efeito erga omnes, isto é, obriga a todos os entes federativos ao cumprimento da Lei. Se um determinado ente federativo, seja município, estado ou mesmo a União - que tem professores em determinadas escolas federais de nível médio, portanto da educação básica -, não paga o piso salarial, ele está devendo aos professores. Os professores têm o direito de recorrer à justiça ou a outros órgãos de controle e/ou de fiscalização, como, por exemplo, o Ministério Público. O curioso é que a Justiça de Pernambuco tem julgado sempre, e em tempo recorde, a favor do Estado e contra os professores, estranho não?

Principal fonte de financiamento da educação básica pública, o FUNDEB é formado por percentuais de diversos impostos e transferências constitucionais, a exemplo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Conforme a lei que instituiu o FUNDEB, pelo menos 60% dos recursos devem ser usados na remuneração de profissionais do magistério em efetivo exercício, como professores, diretores e orientadores educacionais. O restante serve para despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino, compreendendo, entre outras ações, o pagamento de outros profissionais ligados à educação, bem como a aquisição de equipamentos e a construção de escolas. Ainda conforme a Lei, a União transfere recursos aos estados e respectivos municípios que não alcançam com a própria arrecadação o valor mínimo nacional por aluno estabelecido a cada ano – em 2015 esse valor é de R$ 2.576,36. Entre eles, pasmem está Pernambuco, junto com Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte.

Portanto, a retórica insistente do Governo de Pernambuco em acusar a falta de repasses federais para cobrir o piso dos professores, negando o discurso utilizado em Campanha Eleitoral, parece afirmar cada vez mais o que há tempos Paulo Freire anunciou: “Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”.
Ou seja, ao investir numa educação pública de qualidade, corre-se sérios riscos de que os beneficiários dessa educação percebam as injustiças sociais não mais como vítimas ou coitados, mas que a percebam de forma crítica, como a incapacidade do Estado em cumprir com os preceitos constitucionais. É óbvio que o conhecimento é opressor, e que quem não possui conhecimentos acerca de seus direitos, inevitavelmente será oprimido.

O curioso é que aqui vizinho, no Ceará o governador Camilo Santana anunciou reajuste que igualará o salário dos professores do estado com o piso nacional do magistério; e anunciou mais três medidas de valorização profissional: a nomeação de 212 professores concursados, o pagamento de vale-alimentação para temporários e ampliação de carga horária definitiva. As medidas foram anunciadas no último dia 29 de abril em coletiva no Palácio da Abolição, e devem gerar impacto de pelo menos R$ 70,5 milhões por ano ao Estado. Com a adoção de tais medidas, a proposta do governador corrigirá o vencimento básico do magistério em 13,01%, beneficiará 48.842 professores, entre ativos, aposentados e temporários. Em janeiro, o governo havia concedido 6,45% de reajuste aos professores. “Agora, vamos reajustar toda a tabela para elevar o vencimento básico de modo a atingirmos o aumento total de 13,01%”, conforme determina o artigo 5º da lei federal nº 11.738, de 2008.

Em Minas Gerais os trabalhadores da Educação assinaram nesta sexta-feira (15), numa coletiva no Palácio da Liberdade, um acordo histórico com o Governador Fernando Pimentel que possibilitará o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para os professores, além da extinção do regime de subsídio e do descongelamento das carreiras, com isonomia de tratamento para todas as carreiras da Educação e entre servidores ativos e aposentados. O acordo será encaminhado sob a forma de projeto de lei à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em regime de urgência.

Ficou acordado que será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de Educação Básica, a ser pago até agosto de 2017. Além de ser assegurado também o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para uma carga horária de 24 horas semanais. "Vamos pagar o piso independente do déficit", garantiu o governador. "O déficit vamos equilibrar cortando custeio, eventuais discrepâncias e erros que existem na folha de pagamento", explicou.

           Enquanto a greve de Professores do Estado de São Paulo, governado Geraldo Alckmin (PSDB), cujo vice-governador é Márcio França (PSB), já é considerada a maior da história, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tomou duas decisões importantes no inicio de maio: aumentou o piso salarial dos professores, que era de R$ 2,6 mil, passa a ser R$ 3 mil; e anunciou a abertura de 3,5 mil novas vagas na capital paulista para professores da educação infantil e ensino fundamental I. O aumento atinge também outros níveis da carreira no magistério. No caso dos supervisores, o piso passa de R$ 4.460 para R$ 5.146, enquanto o dos diretores aumentam de R$ 4.188 para 4.832. Já para os coordenadores pedagógicos, o piso vai de R$ 3.692 para R$ 4.260. O investimento adicional na educação soma R$ 622 milhões.A carreira de São Paulo passa a ser uma das mais atraentes do Brasil”, disse ele.

            O que essas três histórias tem em comum? São três gestões ptistas, que reconhecem a importância dos profissionais de educação, e os investimentos advindos da União. Que procuram negociar com a categoria e buscar estratégias para atender as reinvindicações através do diálogo. Por que aqui estamos destacando as gestões do PT? Pois, embora tenha abandonado e errado feio em muitas das causas e lutas de ideais da esquerda, ainda são essas gestões que têm se debruçado pela equidade e pela valorização de classes historicamente excluídas e desvalorizadas.
              
                 Fica então a reflexão, se não pode pagar o Piso que é lei, como prometeu ("pode anotar") em campanha dobrar os salários? O que se pretende ao atribuir todas as falhas de suas “ingovernanças” à União? A resposta parece ser uma só: descer a chibata opressora, enganar e confundir a consciência do povo.


Fontes: FNDE, Governo do Ceará, de Minas Gerais, Prefeitura de São Paulo, G1 e Diário de Pernambuco