
Noticiários
dão conta que embora o SINTEPE tenha diagnosticado, por mapeamento, que 50% dos
professores e servidores administrativos aderiram à paralisação, iniciada em 29
de maio; a Secretaria de Educação afirma que apenas 13,7% das escolas estaduais
aderiram à greve, sendo que 13% de forma parcial, o que corresponde a 136
instituições, dessas apenas 7 colégios estaduais estão completamente parados.
A
máxima que já prevíamos em nossa matéria anterior (Sobre a dificuldade do
Governo Paulo Câmara em pagar os salários dos servidores) de que estávamos
prestes a ver o “trabalhador contra ele mesmo”, parece se cumprir de forma
ainda mais perversa, quando em nota, o governo informou dados que diferem das
do Sindicato da Categoria e ainda que os pais encaminhem seus filhos
normalmente ao colégio, aqui além dos trabalhadores há uma tentativa oculta e
implícita de colocar a sociedade (pais e alunos) contra a categoria.
Hoje
pela manhã a situação foi exatamente concretizada, o vídeo abaixo mostra a
atuação dos trabalhadores da segurança pública que, diga-se de passagem, estão
sem aumento e trabalhando sob pressão para “bater metas” e fazer valer o “Pacto
pela Vida” (embora não se saiba de que vida se fala), atuando com violência contra
grupo de Professores que cumpriam a manifestação em frente a SAD, deliberada
ontem durante a assembleia da categoria.

A
chibata vai “botar pra moer” ainda mais pois, em sua nota, o governo anunciou que
os dias parados serão descontados do salário dos professores grevistas, que terão
suas remunerações postergadas para o próximo dia 5, e não serão beneficiados
com a progressão prevista para junho. Enquanto
que os lotados com contratos temporários ainda correm o risco de ter o contrato
rescindido. Debaixo da batida da chibata quem é besta de ficar de greve nessas
condições?
Entendamos um pouco:

Principal
fonte de financiamento da educação básica pública, o FUNDEB é formado por percentuais de diversos impostos e
transferências constitucionais, a exemplo do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA). Conforme a lei que instituiu o FUNDEB, pelo menos 60% dos
recursos devem ser usados na remuneração de profissionais do magistério em
efetivo exercício, como professores, diretores e orientadores educacionais. O
restante serve para despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino,
compreendendo, entre outras ações, o pagamento de outros profissionais ligados
à educação, bem como a aquisição de equipamentos e a construção de escolas.
Ainda conforme a Lei, a União transfere recursos aos estados e respectivos municípios
que não alcançam com a própria arrecadação o valor mínimo nacional por aluno
estabelecido a cada ano – em 2015 esse valor é de R$ 2.576,36. Entre eles,
pasmem está Pernambuco, junto com
Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do
Norte.

Ou
seja, ao investir numa educação pública de qualidade, corre-se sérios riscos de
que os beneficiários dessa educação percebam as injustiças sociais não mais
como vítimas ou coitados, mas que a percebam de forma crítica, como a
incapacidade do Estado em cumprir com os preceitos constitucionais. É óbvio que
o conhecimento é opressor, e que quem não possui conhecimentos acerca de seus
direitos, inevitavelmente será oprimido.

Em
Minas Gerais os trabalhadores da Educação assinaram nesta sexta-feira (15),
numa coletiva no Palácio da Liberdade, um acordo histórico com o Governador
Fernando Pimentel que possibilitará o pagamento do Piso Salarial Profissional
Nacional para os professores, além da extinção do regime de subsídio e do
descongelamento das carreiras, com isonomia de tratamento para todas as
carreiras da Educação e entre servidores ativos e aposentados. O acordo será
encaminhado sob a forma de projeto de lei à Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG), em regime de urgência.
Ficou
acordado que será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de
Educação Básica, a ser pago até agosto de 2017. Além de ser assegurado também o
pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para uma carga horária de 24
horas semanais. "Vamos pagar o piso independente do déficit",
garantiu o governador. "O déficit vamos equilibrar cortando custeio,
eventuais discrepâncias e erros que existem na folha de pagamento",
explicou.
Enquanto a greve de Professores do Estado de São Paulo, governado Geraldo Alckmin (PSDB), cujo vice-governador é Márcio França (PSB), já é considerada a maior da história, o prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, tomou duas decisões importantes no inicio de maio: aumentou o
piso salarial dos professores, que era de R$ 2,6 mil, passa a ser R$ 3
mil; e anunciou a abertura de 3,5 mil novas vagas na capital paulista para
professores da educação infantil e ensino fundamental I. O aumento atinge também outros
níveis da carreira no magistério. No caso dos supervisores, o piso passa
de R$ 4.460 para R$ 5.146, enquanto o dos diretores aumentam de R$ 4.188 para
4.832. Já para os coordenadores pedagógicos, o piso vai de R$ 3.692 para R$
4.260. O investimento adicional na educação soma R$ 622 milhões. “A carreira de São Paulo passa a ser uma das mais atraentes do
Brasil”, disse ele.
O que essas três histórias tem em
comum? São três gestões ptistas, que reconhecem a importância dos profissionais
de educação, e os investimentos advindos da União. Que procuram negociar com a
categoria e buscar estratégias para atender as reinvindicações através do
diálogo. Por que aqui estamos destacando as gestões do PT? Pois, embora tenha
abandonado e errado feio em muitas das causas e lutas de ideais da esquerda,
ainda são essas gestões que têm se debruçado pela equidade e pela valorização
de classes historicamente excluídas e desvalorizadas.
Fica então a reflexão, se não pode pagar o Piso que
é lei, como prometeu ("pode anotar") em campanha dobrar os salários? O que se pretende ao
atribuir todas as falhas de suas “ingovernanças” à União? A resposta parece ser
uma só: descer a chibata opressora, enganar e confundir a consciência do povo.
Fontes: FNDE,
Governo do Ceará, de Minas Gerais, Prefeitura de São Paulo, G1 e Diário de Pernambuco
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