quinta-feira, 28 de maio de 2015

Gato por lebre: propaganda não substitui política pública



A corrida para eleições municipais teve início no Município de Salgueiro – PE, desde o último dia 05 de maio. O Seminário Municipal 2015, “Avaliando e discutindo a gestão”, que acontece em 13 localidades durante o mês de Maio, é uma tentativa piorada de copiar o exitoso Orçamento Participativo, proposta implantada inicialmente na gestão municipal de Porto Alegre, durante o mandato do ex-prefeito Olívio Dutra, ainda na década de 90.  Apenas uma década depois, na gestão de Cleuza Pereira, Salgueiro experimentou o Orçamento Participativo. Na verdade, há uma diferença gritante entre as duas formas de FAZER consulta popular. Olívio Dutra conseguiu ser o primeiro prefeito do Brasil a pensar, discutir e executar junto aos setores populares, uma iniciativa de participação social na gestão pública. Enquanto isso, no presente Salgueiro, trata-se de um disfarce para o real propósito por trás de tudo isso: a corrida eleitoral que já se inicia pela atual gestão.

O compromisso de discutir e decidir junto à população não tem sido marca desse governo, uma vez que esqueceu totalmente nos seus dois mandatos, um meio de política pública que foi adotado por vários gestores públicos nas esferas Municipais e Estaduais. Orçamento Participativo, é um mecanismo governamental de democracia participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos públicos, geralmente o orçamento de investimentos de prefeituras municipais, através de processos da participação da comunidade. Esses processos costumam contar com assembléias abertas e periódicas e etapas de negociação direta com o governo. No Orçamento Participativo retira-se poder de uma elite burocrática repassando-o diretamente para a sociedade. Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais, o Prefeito Marcondes e sua gestão, tentam ludibriar a população através do seminário 2015, “Avaliando e discutindo a gestão”, percorrendo os bairros e zona rural do município para “prestar contas” dos seus quase dois mandatos. Uma pergunta pertinente deve ser feita, ou pelo menos ser instigada e criticamente analisada. Porque em sua gestão não houve nada ligado ao orçamento participativo de verdade, originalmente implantado, como já dito anteriormente, pela ex-prefeita Cleuza Pereira? Seria uma forma de lembrar a população o que sua gestão fez e dessa forma – perto do fim da sua gestão – tentar emplacar por mais quatro (4) anos o oligopólio político da família Sá na cidade?
Camuflando o orçamento participativo em seminário, o Prefeito vai para os bairros e distritos fazer uma espécie de campanha eleitoral antecipada sobre investimentos que omite ser fruto das parcerias, e pior, sem o caráter orçamentário que o Orçamento Participativo. Uma prática populista, pois dessa forma se tenta fazer com que a população de “memória curta”, lembre o que sua gestão fez, através dessa prestação de contas em forma de seminário, que passa bem longe dos princípios do Orçamento Participativo.

No nosso sistema político-eleitoral retrógrado, existe uma regra que diz: quanto mais tempo você tiver, menos recursos (humanos, financeiros, logísticos) gastará na campanha. E vice-versa. Uma das formas de garantir que o seu tempo útil de campanha será bem utilizado é ter tudo muito bem planejado antes da corrida começar. Perder a primeira semana ou os primeiros dez dias até que as coisas engatem na campanha, pode custar os votos que lhe garantirão a eleição. Faça um cálculo rápido: com quantas pessoas você consegue conversar por dia? E se, ao invés de 14 horas de atividades por dia, tiver apenas 12 horas, porque há brechas na agenda, que está mal feita? E se através de um falso seminário, começar a prestar contas relembrando a população o que tal gestão fez? E se omitir a origem dos recursos e a quantidade de cifras existente em caixa, abordando apenas a ação (pouco exitosa) sem atrelar ao orçamento?

As perguntas e respostas pertinentes a este debate agora ficam soltas no ar, como as plenárias do “Todos por Pernambuco” e os seminários “Avaliando e discutindo a gestão(?)”, que por muitas vezes nem sistematização apresentam e não se repassa para a sociedade. Tudo fica solto no ar, pois o Orçamento Participativo realizado com prioridades e recursos alocados com base no que existe na Secretaria de Finanças, é uma idéia e prática que já não existe mais. Nem na cidade de Salgueiro, muito menos no estado de Pernambuco, que nunca ousou alargar a participação do povo neste sentido. A fama de centralizadores que os “capas” do PSB de Pernambuco (e de uns anos pra cá, os “capas” de Salgueiro também) incorporaram, mostram que essa tentativa fracassada é apenas fachada e marketing eleitoral, porque de política pública ainda não vimos nada.

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