A presidenta Dilma Rousseff se emociona ao receber o
relatório final dos trabalhos da
Comissão Nacional da Verdade. Foto: Antonio Cruz/
Agência Brasil
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Por Luana Lourenço e Denise
Griesinger
A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje (10) o relatório
final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e disse que o trabalho do grupo vai
ajudar a afastar “fantasmas de um passado doloroso” e permitir que os
brasileiros conheçam a história das violações aos direitos humanos durante a
ditadura militar para que elas não se repitam.
“Nós, que acreditamos na verdade, esperamos que esse
relatório contribua para que fantasmas de um passado doloroso e triste não
possam mais se proteger nas sombras do silêncio e da omissão", destacou.
Muito emocionada, Dilma chorou ao dizer que o Brasil merecia
a verdade sobre a ditadura militar. “Sobretudo merecem a verdade aqueles que
perderam familiares e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem
de novo e sempre a cada dia”, disse, com a voz embargada, após interromper o
discurso por causa do choro.
O relatório final da CNV faz um relato das atividades
desenvolvidas durante os dois anos e sete meses de investigações, além de fatos
apurados, conclusões e recomendações. De acordo com o coordenador do colegiado,
Pedro Dallari, uma das conclusões mais importantes do relatório final é a
confirmação de que as graves violações aos direitos humanos, durante o período
da ditadura militar, foram praticadas de maneira sistemática.
Dilma agradeceu e elogiou o trabalho dos integrantes da
comissão e disse que a conclusão das atividades não representa um ponto final
nas investigações das violações de direitos humanos na ditadura. Segundo Dilma,
o Estado brasileiro vai se “debruçar” sobre o relatório, “olhar as
recomendações e propostas e tirar as consequências necessárias”. A presidenta
citou os trabalhos de comissões da verdade estaduais e setoriais como complementares
ao trabalho do colegiado.
Dilma também fez um agradecimento aos órgãos que colaboraram
com as investigações da comissão e aos “homens e mulheres livres que relataram
a verdade para a comissão”, principalmente aos parentes de vítimas e
sobreviventes do período militar. “Presto homenagem e manifesto caloroso
agradecimento aos familiares dos mortos e desaparecidos, aqueles que com
determinação, coragem, generosidade, aceitaram contar suas histórias e
histórias de parentes, amigos, companheiros que viveram tempos de dor, morte e
sofrimento.”
A presidenta ressaltou o trabalho histórico da comissão e a
importância das investigações do grupo para o reconhecimento do direito à
memória – principalmente para as gerações que nasceram após o período militar –
e para a reconciliação nacional, com valorização dos pactos e acordos que
levaram o país à redemocratização.
“Com a criação desta comissão, o Brasil demonstrou a
importância do conhecimento desse período para não mais deixá-lo se repetir”,
disse. “Conhecer a história é condição imprescindível para construí-la melhor.
Conhecer a verdade não significa reagir, não deve ser motivo para ódio. A
verdade liberta daquilo que permaneceu oculto”, comparou.
Ao receber o documento de 4,4 mil páginas, que também está disponível na internet, Dilma disse que a apresentação
simultânea para o governo e para a sociedade mostra que o trabalho da CNV foi
isento de interferências e que é resultado de uma decisão do Estado brasileiro,
e não apenas de um governo.
Criada pela Lei 12.528/2011 e instalada em maio de 2012 para
examinar e esclarecer violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e
1988, principalmente no período da ditadura militar (1964-1985), a Comissão
Nacional da Verdade terá seus trabalhos encerrados no próximo dia 16. No
relatório final, o grupo sugere a criação de um órgão público para dar
seguimento e continuidade às ações da CNV.
Agência Brasil
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